terça-feira, 30 de outubro de 2012

A Dança


Eu lhe mandei meu convite,
a nota inscrita na palma da minha mão pela chama da vida. 
Não de um salto gritando:
" Sim , é isso que eu quero! Vamos em frente!"
Apenas se levante em silêncio e dance comigo.


Mostre-me como você segue seus desejos mais profundos,
descendo em espiral em direção à dor dentro da dor,
e lhe mostrarei como eu me volto para dentro e me abro para fora
para sentir o beijo do mistério, doces lábios
sobre os meus, todos os dias.


Não me diga que você quer encerrar o mundo inteiro no seu coração.
Mostre-me como você evita cometer outra falta sem
se desesperar quando sofre uma agressão e tem medo
de não receber amor.
Conte-me uma história sobre quem você é,
e veja quem eu sou nas histórias que estou vivendo.
E juntos nos lembraremos que cada um de nós sempre
tem uma escolha.


Não me diga que as coisas serão maravilhosas...um dia.
Mostre-me que você é capaz de correr o risco de ficar
completamente em paz.
Totalmente à vontade com a maneira como as coisas são
neste exato momento,
e também no momento seguinte, e no seguinte...


Já ouvi histórias demais sobre a audácia heróica.
Conte-me como você desmorona quando esbarra no muro,
o lugar que você não pode transpor pela força da sua vontade.
O que conduz você para outro lado desse muro,
para a frágil beleza da sua condição humana?
E depois de mostrarmos um ao outro como definimos e
mantivemos os limites claros e saudáveis que nos
ajudam a viver lado a lado um com o outro,
vamos correr o risco de lembrar que nunca deixamos de
amar em silêncio aqueles que um dia amamos em voz alta.


Leve-me para os lugares do planeta que ensinam
você a dançar.
Os lugares onde você pode correr o risco de
deixar o mundo partir seu coração,
E eu conduzirei você aos lugares onde a terra debaixo
dos meus pés e as estrelas no céu fazem meu coração ficar inteiro
de novo, e de novo.


Mostre-me como você cuida dos negócios
sem deixar que eles determinem quem você é.
Quando as crianças estão alimentadas, mas as vozes
internas e as externas gritam
que os desejos da alma tem um preço alto demais,
vamos lembrar um ao outro que o que importa não é o dinheiro.
Mostre-me como você oferece ao seu povo e ao mundo
as histórias e as canções que você quer que os filhos de
nossos filhos recordem,
e eu revelarei a você como eu me empenho,
não para mudar o mundo, mas para amá-lo.


Sente-se do meu lado e compartilhe comigo longos
momentos de solidão,
conhecendo tanto a nossa absoluta solitude quanto o
nosso inegável pertencer.
Dance comigo no silêncio e no som das pequenas
palavras cotidianas,
sem que eu me responsabilize no fim do dia por
nenhum de nos dois.
E quando o som de todas as declarações das nossas
mais sinceras intenções tiver desaparecido no vento,
dance comigo na pausa infinita
antes da grande inalação seguinte do alento
que nos sopra a todos na existência,
sem encher o vazio a partir de dentro ou de fora.


Não diga "Sim!".
Pegue apenas a minha mão e dance comigo.

(A Dança - Oriah Moutain Dreamer)





***





Dançando com o companheiro (a), filhos(as)... dançando consigo e com a Vida.

Eu desejo que seja uma dança fluida, contendo todos os ruídos, tropeços e beleza!


quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Dependência x Independência



Dependência... uma forma de se esquivar dos seus potenciais ou um comportamento que reforça uma identidade negativa sobre si mesmo? Mulheres e homens preferem não ver esses comportamentos limitantes e de sabotagem... afinal, sempre teremos alguém para culpar: pais, companheiro(a), a vida, Deus, etc... por nossos fracassos! E QUEREMOS tanto a felicidade... "MAS... as coisas não são como eu quero..." ou "Por causa desse trabalho, dessa relação , da minha infância, eu cresci assim e não sei como mudar...". Bobagem! Pare de inventar desculpar para realizar seus sonhos..

Para as mulheres que sofrem confusas entre a independência (mas só até que chegue "o cara", depois eu vou me dedicar a ser mãe e esposa, etc...) e a dependência aprendidas, adestradas pela cultura que "liberta" as mulheres, sem lhes dar escolha e sem incentivar desde pequenas sua independência: Somos tão capazes e completas como os homens, mas realmente nos sentimos assim? O que aprendemos com a Vida de nossas mães, avós, ídolos? 

Dependência não é um privilégio feminino. Porém, relacionamento que precisa que um dos parceiros seja dominante não dá espaço para todos crescerem, e os dependentes, muitas vezes se escondem por trás do outro, culpando-o por sua condição.

Condição, hábito... comportamento... podem ser mudados! Isso não muda quem você verdadeiramente é! Não muda o seu valor como ser humano, pessoa, divindade... Somos seres poderosos! Cheios de amor, luz, paz e alegria! 

Alguns de nós aprendemos que somente valemos alguma coisa quando vivemos em benefício de alguma outra pessoa... Tradições religiosas afirmam isso também... mas é uma distorção! Na minha opinião bem colocada para manter as pessoas como carneirinhos, bem obedientes, na sociedade, pelo medo! 

O que pode acontecer se você for você mesmo? Viver e sentir felicidade por si mesmo e pela sua experiência...? O que vai acontecer é que você vai querer partilhar essas coisas com qualquer pessoa, vai ser um raio de luz!!! Mantenha esse luz, fazendo aquilo que gosta, retirando os rótulos negativos que adquiriu através do mundo lá fora: sua mãe, seu pai, seus irmãos, colegas, chefe, namorada. O que você pensa de si mesmo? Não gosta de alguma coisa? Aceite, ame o que é diferente em si, e o que você quer mudar, mude! Tem alguém aí fora anotando cada decisão sua e te julgando??? 

Ser feliz! SER... apenas. EXISTIR! Esse é o sentido da sua vida, faça por merecer as horas, minutos e suspiros do seu coração! Não importa oq ue você faça, desde que faça com inteireza e prazer... Você escolhe seus pensamentos, portanto escolhe também seus sentimentos. Não se deixe levar pelos outros... e serás verdadeiramente independente. E sendo quem é, descobrirá que é amor... que o que é negativo é uma ilusão.

Ame seu semelhante como a si mesmo. Como? Comece se amando... se perdoando, curando as feridas dessa criança aí dentro que é linda! Não cheia de defeitos, mas única! Um ser único no Universo!

****
Dica:
Se você tivesse apenas 6 meses de vida, o que faria com esse tempo? Sinceramente, seja honesto, faça sua lista! E se pergunte, por que não? :) 

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Construindo uma realidade mais satisfatótia




         Havia alguns meses que um amigo me falava do grande amor da sua vida: seu filho. O entusiasmo dele era nítido, dizendo-me da realização que sentia por ser um pai. Marquei então uma visita à sua casa para conhecer o pequeno. O fato é que, contrariando nossas expectativas, no bendito dia, o pimpolho estava com o humor estragado, pegando-nos de surpresa. Seu choro traduzia uma tristeza e dor que emergia daquele coração ainda inocente, levando-me a observar atentamente o que ocorria.

      Enquanto a criança chorava, percebia seu pai dizendo-lhe que não havia motivos para estar daquele jeito. Oferecia-lhe também brinquedos e comidas com o intuito de trazê-lo de volta à alegria. No entanto, não o vi em nenhum momento aceitar ou confrontar o fato de que seu menino poderia estar triste, com medo ou depressivo. Afinal de contas, ele também era um ser humano – pensava eu. O pequeno, obviamente, não sabia nomear o que acontecia em seu mundo íntimo. Apenas recebia, inconscientemente, a informação dada por seu pai de que seus sentimentos não eram bem-vindos. E isto é um fator importante para arruinar a auto-estima de qualquer ser humano. Algo que, por sinal, tornou-se um fenômeno cultural crônico: a invalidação dos sentimentos.

      Quando a vida interior dessas crianças não é refletida de volta para elas, através de pais ou pessoas compreensíveis, que dão nomes aos seus sentimentos e ouvem-nas com o coração aberto, elas podem se fechar em si mesmas e agir de um modo que parece irracional e impossível de se lidar. O que acontece então? A criança poderá se tornar num adulto que, ao sentir tristeza ou raiva, imediatamente emitirá uma opinião a respeito dela: “isto não é permitido, isto é errado.” Então, sua raiva e tristeza se transformam no seu lado sombra porque, literalmente, ela não pode vir à luz – ela não deve ser vista! O que acontece com os sentimentos, quando são reprimidos deste jeito? Eles não desaparecem. Vão para trás de você para afetá-lo de outros modos; pode, por exemplo, fazer com que você se torne assustado, ansioso, estando sempre tenso e na defensiva.

       É importante refletirmos sobre este tema, visto que existe uma semelhança notável entre a forma como lidamos com as crianças e a forma com que lidamos com nossas emoções. Neste sentido, gosto de lembrar que há uma "criança interior" vivendo dentro de cada um de nós. Como tratamos ela? Agimos como um pai “simplista” que nega o que ela sente, dizendo-lhe, por exemplo, que ela está errada por se sentir triste ou deprimida? Será que ela deveria ser diferente para agradar a imagem de um ser humano feliz, realizado e bem-sucedido que idealizamos? 

           Pergunto-me quanto tempo dedicamos para estender a mão a nós mesmos, a fim de retirar estes sentimentos que vivem abafados na escuridão, por terem sidos invalidados ao longo do tempo. É claro que muito eu já desejei cortar estas partes indesejadas de mim mesmo e seguir em frente. Mas descobri que não é possível criarmos uma realidade mais amorosa a partir do ódio por nós mesmos. Somente utilizando as energias da compreensão e da aceitação, que são os verdadeiros blocos da construção de uma realidade nova e mais satisfatória, conseguiremos acolher nossas vidas com todos os seus altos e baixos. E este é um passo importante para vivê-la bem.

Tiago Bueno Camargo*

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