quinta-feira, 15 de maio de 2014

PROBLEMAS e as batatas da Vida

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Mari tinha alguns problemas a resolver. Na sua cesta havia uma maçã, dois tomates, uma garrafa e cinco sementes. E nenhuma batata. Porém uma dia, sua mãe lhe disse: Mari, leve seis batatas e um pouco de farinha para a casa da sua vó. Ela ficará contente de te ver, mas não esqueça de ir sempre pelo caminho. Não se distraia, não se desvie e não fale com estranhos. Siga direto para a casa da vovó. Questão: Quantas horas Mari levaria para chegar na casa da vovó?

Que maluquice você deve estar pensando! Que problema sem pé nem cabeça! Vou ler alguma coisa mais interessante no Face dos meus amigos!

Ma enquanto, alguns se distraiam por aí, Mari ia pensando na Vida, com sua cesta debaixo do braço...

(....) Vamos supor que eu estivesse errada sobre muitos aspectos da vida, que tirei conclusões precipitadamente a partir de uma ou duas premissas, sem ter raciocinado o suficiente sobre o assunto?
E se eu tivesse criado mil conceitos e repetido outros mil que me foram repassados como batatas quentes por outras pessoas apressadas demais para questionar, para analisar, para discernir? 

Mas vamos supor tb que como parte de uma realidade muito mais abrangente e profundamente misteriosa, como é o Universo, uma parte dentro de mim saiba da Verdade sobre a vida e as outras coisas que eu pensei erradamente.

Como eu estaria me sentindo internamente e como estaria me comportando? Provavelmente eu esconderia esse conflito, esse desconforto de saber no fundo que existe algo errado e que ando com as mãos quentes e não sei o que fazer com isso. Provavelmente me sentiria a única pessoa no mundo sentindo esse desconforto, pois, apressadamente, olharia o comportamento alheio e não perceberia o conflito interno e a incoerência que também eles vivem.

E quantas artimanhas eu teria criado na pressa e na ignorância! Muitos jogos e muitas mentiras também. 

Não, não mentiria para os outros, pois sei que no jogo da vida isso é errado. Mas mentir para mim mesma, afinal ninguém disse nada sobre isso. O esquema é ganhar esse jogo! 

Seria uma pessoa coerente com os conceitos e formas de pensar que me queimam os dedos, claro! Seguiria todas as regras do jogo. Pensaria noite e dia em como ter sucesso nesse jogo, que papéis eu poderia viver da melhor forma para ganhar o jogo. Se eu gostasse de música, poderia me imaginar estudando para ser um exímio violinista ou compraria uma guitarra e montaria uma banda, sonhando em ser um astro do rock. E na vida, existem muitos modelos para a gente escolher! Porém, ser esse ser original que está lá no fundo, não está previsto. Sinto um desconforto, mas finjo que está tudo bem, "só que ainda não consegui me igualar perfeitamente aos modelos do jogo", esse é "o" problema.

Pequena Ilha de Hipóteses
E se... o projeto original seja sentirmos e sermos a nossa face original? E se... as batatas quentes e o sentimento de inadequação só queiram me mostrar que eu estou indo pelo caminho errado? E se poucos puderem ter a coragem de enxergar os erros que estão cometendo? E se eu tiver que começar observando e me desapegando de tudo que aprendi sobre mim, a vida e as pessoas? E se o propósito da minha alma seja aprender? E se eu estou aqui pra evoluir, crescer, ir adiante, ver que não tenho que imitar um modelo, mas estar lúcida? Aprender. 

Estive muito mais fechada na minha pequena consciência e ainda estou. Minhas mãos pegando fogo e eu achando que existe uma solução para um problema cuja proposição foi mal formulada! 

E lá embaixo a Verdade... bem no fundo de nós mesmo. Ela está, ela é. Ela espera por nós.

Então, Mari chegou na casa da vovó. 
Pôxa, o professor de Matemática tá pegando pesado, pensou.

Mariana Estrella

fonte imagem: Kezia Fernandes

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