quinta-feira, 26 de julho de 2012

A Fonte da Vida


Quero dedicar este post às mulheres de todas as gerações. Dedico à minha mãe, e a mãe dela, minhas avós que tiveram a coragem de terem filhos e filhas. Dizer que nem tudo que essas guerreiras aguentaram eu aguentaria, que gostaria de apagar seus sofrimentos e que as perdoo porque fizeram o que podiam dentro dos seus limites. Tudo que sabemos sobre ser mulher ou ser homem é fruto de muitas crenças, ideias, comportamentos, regras sociais, econômicas, etc.

As mulheres são A Fonte. Fonte da Vida e do Amor, a água no deserto. E porque vivem em um deserto, apartadas, muitas vezes dos homens e eles delas... há tanta dor, tanto sofrimento... porque nos deixamos levar por ideias, que apenas dividem...


Mulheres e homens se buscaram por toda a Vida, todos os antepassados fizeram o mesmo e eu dedico este post aos homens da minha família começando pelo meu pai, que também foram vítimas no deserto. Mas a vida é Fonte... busquem!


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Compartilho com vocês uma história que dia contarei inteiramente. Para quem sentir seu coração vibrar, é porque ouvem a voz interior a chamar...

"(ainda sem título)

Numa doce e fria manhã de outono o coração da donzela foi rasgado. Aos mil pedaços sem nenhuma dor ou pena de quem fazia. Simplesmente assim era melhor. Que não tivesse um coração para sofrer. Mesmo assim ela sofria, pois no fundo da sua alma vazia ela se sentia.
O que deveria haver ali no lugar deste vazio?
Ela estava parada ao vento, cabelos ainda compridos e soltos, seu manto escuro denunciava o luto pela alma perdida. E o vazio e o vento fustigavam suas faces... ela nem podia chorar. Era melhor assim, que sofresse agora do que depois... era oque ouvia.
Não haviam príncipes ou reis dignos e honrados naquela terra. Era melhor que não tivesse coração. Seus cabelos foram cortados e suas roupas modificadas. Assim estaria protegida. Uma fugitiva e miserável de si mesma, vivendo como não era, sem ao menos ter tido a chance de revelar-se pelo menos uma vez... ver sua beleza, luz e força. Uma muda podada para ficar de certo tamanho e em um espaço pequeno... tal qual um bonsai. Muda aprisionada...

Mas em sonho, sonhava... ah como sonhava...
com suas tranças fortes, seu farto cabelo bem claro pelo sol. Suas faces coradas pelo vento quente e pela natureza, sua alma revivida. Caminhar com os pés na relva, com seu vestido ondulante, seu sorriso purificado... sua casa, seus filhos e seu companheiro. Não um rei, nem um príncipe, mas seu companheiro.

Donzela, um dia uma fada lhe disse, sua busca é bela. És digna e honrada, pura luz e amor. Só não sabes, pois te foi tirado o pedaço precioso que necessita ser restaurado.
Vai na gruta da Mãe Terra, lá está te esperando uma feiticeira que irá ajudar... não tenhas medo.

A donzela, agora parecida com um menino serviçal da sua antiga família, fez o que a fada pediu. Teve que fugir e sentiu medo, pois caso soubessem ela se sentiria culpada e eles nunca a perdoariam. Assim, em uma noite escura do inverno ela partiu. Caminhou sozinha contra as sombras, animais e seus próprios medos. Andou, passou por um riacho muito gelado, passou por pedras e finalmente enxergou a caverna escura da bruxa.

De fora, ela via a luz de uma fogueira... A bruxa ria e dançava, ria bem alto e falava consigo mesma...

A donzela com medo foi se aproximando, curiosa...

Foi entrando, adquirindo uma coragem que nem sabia existir, mas uma força que a puxava para dentro. Uma força magnética.

Ela ficou parada em frente ao fogo, hipnotizada. E calada.

Ao se virar, a bruxa deu de cara com aquela moça que parecia um menino. Mas com sua sabedoria, ela tudo soube.

Venha cá minha filha. O que houve contigo???
A donzela nem se mexia, piscava os olhos como se tentando acordar de um feitiço, começou a murmurar... sua história... e foi caindo, foi sentando, vidrada no fogo, sentiu o calor de volta ao seu espírito. Não tinha forças para chorar, somente sentia vazia e murcha.

A velha feiticeira teve compaixão da donzela. Fez-lhe um caldo para reanimar o corpo. E entoou uma canção:

Não fiques triste bela do campo
Não tenhas pressa de te aquecer
A luz do sol é tua amiga e companheira
Nunca deves te esquecer
A água fria envolve teus cabelos
A relva seca é tapeçaria rica
A mãe terra te chamou para saberes
quem é a mãe, a filha e a mulher...”

Enquanto ela dizia isso, a donzela perguntou. O que é ser mulher?

Ser mulher é ser jóia de Deus/Deusa, é ser tão bela e encantadora como tudo na natureza, é ser um presente para que os homens testemunhem a graça da vida...
Ser mulher é ser flexível, amar e deixar amar-se... nutrir-se da Mãe de Todas, aprender seus mistérios e ajudar os outros com o que sabe..

Essa sabedoria se perdeu e as mulheres não sabem de seu brilho original. Andam pelo mundo sem seus corações, para não sofrer, e também perdem o instrumento que faz brilhar a jóia que Deus/Deusa nos deu. Existe a força una no Universo mas ela sempre vem aos pares... yin/yang.

O yang das mulheres não as sabe defender, a saída foi retirar o coração... tudo que vem, vem da mente e morre o yin.
Muitos homens na busca do seu yin matam o yang e isso só aumenta a confusão.

Minha filha fica comigo esta noite, pela manhã tu saberás oque fazer para reconstruir quem és de fato.

Feiticeira, porque sinto frio, perguntou a donzela?
O frio te mantem viva,mas não é o estado natural. Te falta o coração, que dá calor, que canaliza o amor que vem do universo.
Tens uma adaga cravada e é preciso retirá-la de forma adequada. Tu mesma vais fazer isso.

Agora fica em pé eu te ensinarei uma invocação, para que comeces a te recordar da verdade:

Grande Deus e Deusa
unifiquem-se em mim
tragam minha alma de volta
derramem suas bençãos em minha vida
sejam meus pai e mãe
me ensinem a ser completa
que o amor restaure meu coração e cure as feridas mais profundas
que eu não tenha raiva,mágoa, culpa ou pesar
que a vida seja renovada nas águas do amor
que assim seja...”

Tu vai sair de dia e ficar comigo à noite. Vai à tua família e diz que estás sob minha proteção. Eles não te farão mal, porque temem a mim. Agora vai.

Não foi uma volta fácil. A donzela tinha muitos receios e perguntas, e se sentia um pouco perdida, sem saber que iria acontecer nesta jornada. Chegou em casa e seus pais sentiram que estava diferente, de alguma forma. Perguntaram onde ela havia estado e ela foi direta.
Disse que a feiticeira estava lhe ensinando lições, que ela queria saber a verdade sobre ela mesma e que queria com isso ser feliz. Seus pais não tiveram alternativa, porque tinham medo da feiticeira. Aceitaram que ela fosse, mas que não se aproximasse enquanto estivesse com ela. Ela ficaria por sua conta. E assim a donzela se sentiu aliviada, porém tensa. Não podia levar nada da sua antiga vida, pois nada ali cabia, e nada daquilo era queria. Agradeceu à família por tudo que fizeram por ela, mesmo por caminhos tortos, ela sentia que estava tudo bem e que ela não estaria sozinha." (continua...)





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