Quero dedicar este post às mulheres de todas as gerações. Dedico à minha mãe, e a mãe dela, minhas avós que tiveram a coragem de terem filhos e filhas. Dizer que nem tudo que essas guerreiras aguentaram eu aguentaria, que gostaria de apagar seus sofrimentos e que as perdoo porque fizeram o que podiam dentro dos seus limites. Tudo que sabemos sobre ser mulher ou ser homem é fruto de muitas crenças, ideias, comportamentos, regras sociais, econômicas, etc.
As mulheres são A Fonte. Fonte da Vida e do Amor, a água no deserto. E porque vivem em um deserto, apartadas, muitas vezes dos homens e eles delas... há tanta dor, tanto sofrimento... porque nos deixamos levar por ideias, que apenas dividem...
Mulheres e homens se buscaram por toda a Vida, todos os antepassados fizeram o mesmo e eu dedico este post aos homens da minha família começando pelo meu pai, que também foram vítimas no deserto. Mas a vida é Fonte... busquem!
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Compartilho com vocês uma história que dia contarei inteiramente. Para quem sentir seu coração vibrar, é porque ouvem a voz interior a chamar...
"(ainda sem título)
Numa doce e fria
manhã de outono o coração da donzela foi rasgado. Aos mil pedaços
sem nenhuma dor ou pena de quem fazia. Simplesmente assim era melhor.
Que não tivesse um coração para sofrer. Mesmo assim ela sofria,
pois no fundo da sua alma vazia ela se sentia.
O que deveria
haver ali no lugar deste vazio?
Ela estava parada
ao vento, cabelos ainda compridos e soltos, seu manto escuro
denunciava o luto pela alma perdida. E o vazio e o vento fustigavam
suas faces... ela nem podia chorar. Era melhor assim, que sofresse
agora do que depois... era oque ouvia.
Não haviam
príncipes ou reis dignos e honrados naquela terra. Era melhor que
não tivesse coração. Seus cabelos foram cortados e suas roupas
modificadas. Assim estaria protegida. Uma fugitiva e miserável de si
mesma, vivendo como não era, sem ao menos ter tido a chance de
revelar-se pelo menos uma vez... ver sua beleza, luz e força. Uma
muda podada para ficar de certo tamanho e em um espaço pequeno...
tal qual um bonsai. Muda aprisionada...
Mas em sonho,
sonhava... ah como sonhava...
com suas tranças
fortes, seu farto cabelo bem claro pelo sol. Suas faces coradas pelo
vento quente e pela natureza, sua alma revivida. Caminhar com os pés
na relva, com seu vestido ondulante, seu sorriso purificado... sua
casa, seus filhos e seu companheiro. Não um rei, nem um príncipe,
mas seu companheiro.
Donzela, um dia
uma fada lhe disse, sua busca é bela. És digna e honrada, pura luz
e amor. Só não sabes, pois te foi tirado o pedaço precioso que
necessita ser restaurado.
Vai na gruta da
Mãe Terra, lá está te esperando uma feiticeira que irá ajudar...
não tenhas medo.
A donzela, agora
parecida com um menino serviçal da sua antiga família, fez o que a
fada pediu. Teve que fugir e sentiu medo, pois caso soubessem ela se
sentiria culpada e eles nunca a perdoariam. Assim, em uma noite
escura do inverno ela partiu. Caminhou sozinha contra as sombras,
animais e seus próprios medos. Andou, passou por um riacho muito
gelado, passou por pedras e finalmente enxergou a caverna escura da
bruxa.
De fora, ela via a
luz de uma fogueira... A bruxa ria e dançava, ria bem alto e falava
consigo mesma...
A donzela com medo
foi se aproximando, curiosa...
Foi entrando,
adquirindo uma coragem que nem sabia existir, mas uma força que a
puxava para dentro. Uma força magnética.
Ela ficou parada
em frente ao fogo, hipnotizada. E calada.
Ao se virar, a
bruxa deu de cara com aquela moça que parecia um menino. Mas com sua
sabedoria, ela tudo soube.
Venha cá minha
filha. O que houve contigo???
A donzela nem se
mexia, piscava os olhos como se tentando acordar de um feitiço,
começou a murmurar... sua história... e foi caindo, foi sentando,
vidrada no fogo, sentiu o calor de volta ao seu espírito. Não tinha
forças para chorar, somente sentia vazia e murcha.
A velha feiticeira
teve compaixão da donzela. Fez-lhe um caldo para reanimar o corpo. E
entoou uma canção:
“Não fiques
triste bela do campo
Não tenhas pressa
de te aquecer
A luz do sol é
tua amiga e companheira
Nunca deves te
esquecer
A água fria
envolve teus cabelos
A relva seca é
tapeçaria rica
A mãe terra te
chamou para saberes
quem é a mãe, a
filha e a mulher...”
Enquanto ela dizia
isso, a donzela perguntou. O que é ser mulher?
Ser mulher é ser
jóia de Deus/Deusa, é ser tão bela e encantadora como tudo na
natureza, é ser um presente para que os homens testemunhem a graça
da vida...
Ser mulher é ser
flexível, amar e deixar amar-se... nutrir-se da Mãe de Todas,
aprender seus mistérios e ajudar os outros com o que sabe..
Essa sabedoria se
perdeu e as mulheres não sabem de seu brilho original. Andam pelo
mundo sem seus corações, para não sofrer, e também perdem o
instrumento que faz brilhar a jóia que Deus/Deusa nos deu. Existe a
força una no Universo mas ela sempre vem aos pares... yin/yang.
O yang das
mulheres não as sabe defender, a saída foi retirar o coração...
tudo que vem, vem da mente e morre o yin.
Muitos homens na
busca do seu yin matam o yang e isso só aumenta a confusão.
Minha filha fica
comigo esta noite, pela manhã tu saberás oque fazer para
reconstruir quem és de fato.
Feiticeira, porque
sinto frio, perguntou a donzela?
O frio te mantem
viva,mas não é o estado natural. Te falta o coração, que dá
calor, que canaliza o amor que vem do universo.
Tens uma adaga
cravada e é preciso retirá-la de forma adequada. Tu mesma vais
fazer isso.
Agora fica em pé
eu te ensinarei uma invocação, para que comeces a te recordar da
verdade:
“Grande Deus e
Deusa
unifiquem-se em
mim
tragam minha alma
de volta
derramem suas
bençãos em minha vida
sejam meus pai e
mãe
me ensinem a ser
completa
que o amor
restaure meu coração e cure as feridas mais profundas
que eu não tenha
raiva,mágoa, culpa ou pesar
que a vida seja
renovada nas águas do amor
que assim seja...”
Tu vai sair de dia
e ficar comigo à noite. Vai à tua família e diz que estás sob
minha proteção. Eles não te farão mal, porque temem a mim. Agora
vai.
Não foi uma volta
fácil. A donzela tinha muitos receios e perguntas, e se sentia um
pouco perdida, sem saber que iria acontecer nesta jornada. Chegou em
casa e seus pais sentiram que estava diferente, de alguma forma.
Perguntaram onde ela havia estado e ela foi direta.
Disse que a
feiticeira estava lhe ensinando lições, que ela queria saber a
verdade sobre ela mesma e que queria com isso ser feliz. Seus pais
não tiveram alternativa, porque tinham medo da feiticeira. Aceitaram
que ela fosse, mas que não se aproximasse enquanto estivesse com
ela. Ela ficaria por sua conta. E assim a donzela se sentiu aliviada,
porém tensa. Não podia levar nada da sua antiga vida, pois nada ali
cabia, e nada daquilo era queria. Agradeceu à família por tudo que
fizeram por ela, mesmo por caminhos tortos, ela sentia que estava
tudo bem e que ela não estaria sozinha." (continua...)
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