terça-feira, 14 de agosto de 2012

O Convite

Por Oriah Mountain Dreamer*

Não me interessa o que você faz pra viver. Quero saber o que você deseja ardentemente, e se você se atreve a sonhar em encontrar os desejos do seu coração.

Não me interessa quantos anos você tem. Quero saber se você se arriscaria parecer que é um tolo por amor, por seus sonhos, pela aventura de estar vivo. Não me interessa que planetas estão em quadratura com a sua lua. Quero saber se você tocou o centro de sua própria tristeza, se você se tornou mais aberto por causa das traições da vida, ou se tornou murcho e fechado por medo das futuras mágoas.

Quero saber se você pode sentar-se com a dor, minha ou sua, sem se mexer para escondê-la, tentar diminuí-la ou tratá-la. Quero saber se você pode conviver com a alegria, minha ou sua, se você pode dançar loucamente e deixar que o êxtase tome conta de você dos pés à cabeça, sem a cautela de ser cuidadoso, de ser realista ou de lembrar das limitações de ser humano.

Não me interessa se a história que você está contando é verdadeira. Quero saber se você pode desapontar alguém para ser verdadeiro consigo mesmo; se você pode suportar acusações de traição e não trair sua própria alma. Quero saber se você pode ser leal, e portanto, confiável.

Quero saber se você pode ver a beleza mesmo quando o que vê não é bonito, todos os dias, e se você pode buscar a fonte de sua vida em sua presença. Quero saber se você pode conviver com o fracasso, seu e meu, e ainda postar-se à beira de um lago e gritar à lua cheia prateada: “Sim!”.

Não me interessa saber onde mora e quanto dinheiro você tem. Quero saber se você pode levantar depois de uma noite de tristeza e desespero, cansado e machucado até os ossos e fazer o que tem que ser feito para as crianças.

Não me interessa quem você é, como chegou até aqui. Quero saber se você vai se postar no meio do fogo comigo e não vai se encolher.

Não me interessa onde ou o que ou com quem você estudou. Quero saber o que o segura por dentro quando tudo o mais fracassa. Quero saber se você pode ficar só consigo mesmo e se você verdadeiramente gosta da
companhia que tem nos momentos vazios.

*




* Oriah Mountain Dreamer mora em Toronto, no Canadá, desde os dezenove anos. Formada em serviço social, trabalhou por muitos anos com adolescentes de rua, mulheres vítimas de violência e famílias em crise. Ela dedica sua vida a ensinar pessoas do mundo inteiro como viver de forma sadia e plena.
A autora teve a oportunidade de estudar com índios americanos e aprender com eles fundamentos da medicina xamãnica. Além dos ensinamentos que fizeram da autora um exemplo de vida, os índios também foram responsáveis pelo nome que a fez ser conhecida mundialmente: Oriah Mountain Dreamer, ou Sonhadora das Montanhas, que significa aquela que gosta de expandir os limites e pode ajudar os outros a fazer o mesmo.
Aliando honestidade, bom-humor, sabedoria e compaixão pelo sofrimento humano, Oriah busca inspirar a si própria e aos outros a desenvolverem a compaixão, a bondade e a sabedoria. (Editora Sextante)
Ilustração: Por Mariana Estrella (fiz há muito tempo e achei bem apropriado ao que o poema me remete. E você? Encontre uma imagem, faça um quadrinho... esse poema vale muito! )

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